Oração Lakota
"Wakan Tanka, Grande Mistério,
Ensine-me a confiar
Em meu coração,
Em minha mente,
Em minha intuição,
Em minha sabedoria interna,
Nos sentidos de meu corpo,
Nas bênçãos do meu espírito.
Ensine-me a confiar nestas coisas,
Para que possa entrar em meu Espaço Sagrado
E amar além do meu medo,
E assim caminhar com beleza
Com a passagem de cada Sol Glorioso."
CONSIDERAÇÕES SOBRE O FEMININO
Faremos algumas reflexões sobre o arquétipo do feminino e sobre a sua relação com os homens, estamos aqui para caminharmos juntass. Não vou defender nenhuma ideia, tema ou conceitos de pesquisadores ou estudiosos dos assuntos ligados ao feminino para instruir ou colocar certo padrão.
É de nossa responsabilidade fazer ESTE MOMENTO ACONTECER.
Viemos aqui para compreender a dor, a depressão, a solidão, o desespero e o interminável conflito que temos vivido COM A AUSÊNCIA DO FEMININO EM NOSSAS VIDAS E AS FERIDAS ABERTAS POR ESSA AUSENCIA.
No Círculo das Mulheres nós buscamos o resgate da nossa essência feminina. E falar de valores femininos é falar do cuidado e da preservação da vida, da não dualidade e da postura receptiva diante da vida. O Circulo das Mulheres é uma forma de despertar e manifestar esses valores em nossa existência.
O “feminino” a que me refiro não é exclusivamente referente às mulheres.
O feminino está vinculado a uma estrutura de consciência, a uma atitude diante da vida, possível de ser manifestada por todas as pessoas.
Rejeitando e descartando o feminino da nossa existência, nós mulheres também fomos colocadas à margem, assim como a natureza, na qual estamos vinculadas em seu potencial de criação e doação, seus ciclos e movimentos.
O abandono do princípio feminino em termos de civilização têm tido como conseqüências crises sociais, políticas, rivalidades e destruição.
O “feminino” engloba a tudo e a todos numa interligação generosa e abundante de sabedoria, conhecimento e devoção para com o que há de mais sagrado em nossas existências.
Tanto os homens quanto as mulheres foram feridos no passado. O ferimento da mulher está localizado no ventre; o do homem está em seu coração.
Devido às energias masculinas dominantes no passado e as energias de poder e opressão, os homens foram forçados a fechar seus corações. Eles tinham que ser fortes e duros, pois esta era imagem ideal de um homem. Desta maneira, os homens ficaram alienados de sua parte sentimental. Muitos homens ficaram presos em suas cabeças, tendo dificuldade de expressar suas emoções e sentimentos.
A falta de habilidade para se conectar com o lado sentimental, o lado feminino, também é um ferimento. Você não vive plenamente se não tiver acesso aos próprios sentimentos. De fato, você se desconecta da sua alma. Em muitos homens há uma sensação de solidão e alienação que é percebida como um buraco em seus corações.
Toda mulher tem uma dimensão masculina, geralmente oculta em sua psique inconsciente. Corresponde-lhe, no homem, a presença de um lado feminino que, no mais das vezes, é inconsciente e inacessível.
A tarefa do crescimento pessoal para cada um é tomar consciência desse lado contrassexual, valorizá-lo e exprimi-lo conscientemente, quando a situação for apropriada. Quando o lado contrassexual é aceito e valorizado, torna-se uma fonte de energia e inspiração, permitindo a união criativa dos princípios masculino e feminino no interior da pessoa, assim como o relacionamento criativo entre homem e mulher.
Jung, em um de seus mais profundos insights, mostrou que, como geneticamente todos os homens têm cromossomos e hormônios recessivos femininos, eles apresentam um conjunto de características psicológicas femininas - elementos que neles são minoritários. Da mesma forma, as mulheres têm um componente masculino minoritário em seu interior. Jung chamou de anima a faceta feminina do homem e de animus, a masculina da mulher.
Se alguma mulher quiser mudar algum aspecto da adolescência ao qual ainda esteja presa, precisará quebrar o domínio de seus componentes masculinos, a que está subordinada inconscientemente e que vão comandar seus relacionamentos no mundo exterior. Para que ela evolua, o animus conscientemente reorganizado como tal - precisará assumir a posição entre o ego consciente e o mundo interior inconsciente, onde poderá atuar como mediador. Um inestimável auxiliar para ajudá-Ia. Ele poderá abrir-lhe as portas para uma verdadeira vida espiritual.
A mulher, num estado de possessão do animus, ou seja, durante essa mediação entre mundo interior e exterior, não tem a mínima consciência de seu animus. Ela crê que seu comportamento advém dele, mas a escolha é determinada por seu próprio ego. De fato, é seu ego que foi subjugado pelo animus nessas circunstâncias.
Ecofeminismo
Vandana Shiva é uma mulher multifacetada: física, filósofa, pacifista e feminista. É uma das pioneiras do movimento ecofeminista e diretora da Fundação para a Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Ecologia (Research Foundation for Science, Technology and Ecology, em inglês) em Nova Déli. Em 1993, recebeu o Prêmio Nobel Alternativo. É uma das vozes mais críticas contra a globalização e os alimentos manipulados geneticamente. A reportagem é de Mercé Rivas Torres, publicada no sítio Periodismo Humano, 17-02-2012. A tradução é do Cepat.
Para Vandana, “o ecofeminismo é colocar a vida no centro da organização social, política e econômica. As mulheres já a fazem porque é deixada para elas a tarefa do cuidado e da manutenção da vida.”. “O ecofeminismo, como seu nome indica, é a convergência da ecologia e do feminismo, explica didaticamente Vandana Shiva, que ficou famosa, nos anos 1970, ao impedir em seu país o corte indiscriminado das florestas, abraçando as árvores como milhares de mulheres, criando o movimento chipko.
Detentora de uma grande força vital e intelectual, Vandana explica a importância da ecologia e do feminismo para garantir a sobrevivência e a igualdade entre homens e mulheres que formam parte da mesma espécie. Essa mulher otimista foi capaz de mobilizar cinco milhões de camponeses da Índia contra a União Geral de Tarifas do Comércio e de colocar-se na liderança da grande mobilização contra a globalização na cúpula realizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), em Seattle, no final de 1999.
“Penso que a ação e a reflexão devem caminhar juntas. Não existe uma ideologia perfeita, é simplesmente uma política de responsabilidade. A diversidade não é o problema, é a solução para as crises políticas da intolerância, as crises ecológicas da não sustentabilidade e as econômicas da exclusão e da injustiça”, segue afirmando com uma grande convicção.
Vandana acredita que o capitalismo tem sido apresentado como um modo de crescimento “mas na realidade é um modo de pobreza e de alguma forma a globalização é o clímax do capitalismo”, reflete Vandana em voz alta.
Grande comunicadora, sempre sorridente, ela afirma que vem de uma região do norte da Índia, aos pés do Himalaia, local em que há muitas coisas para os que não necessitam de dinheiro, só de amor mútuo. “Portanto, as relações são a alternativa ao capital. Criar relações é a alternativa para a pobreza que causa o capital”, conclui.
Autora de numerosos livros, e muito crítica com a consideração de seu país é uma potência emergente: “O modelo econômico da Índia é uma catástrofe porque só funciona para um punhado de pessoas, enquanto são milhões os que comem pouco e possuem pouca água”. E, frente à admiração pelo crescimento da economia indiana, que no ano passado foi de 9%, denuncia: “O que muitos consideram um milagre econômico é um desastre, sobretudo porque virou-se as costas para a natureza, aos seus processos ecológicos e aos ecossistemas vitais”.
Por trás de um colorido sári, que diz não pensar em renunciar nunca, já que para ela é um sinal de identidade, e “muito mais propício que um jeans”, Vandana Shiva é um furacão que sacode as consciências por onde passa. É capaz de enfrentar as grandes corporações internacionais, que ela acusa por criminalizar a agricultura, apropriar-se dos recursos básicos e espoliar a terra.
Mulher vital, valente, incansável em suas denúncias, é uma firme defensora da agricultura orgânica como a verdadeira solução para a mudança climática e acredita na necessidade urgente de se reflorestar o planeta.
Fica indignada ao falar de milhares de pessoas que comem pouco e que possuem pouca água para beber, “muitas comunidades se veem obrigadas a abandonarem suas terras para que outra fábrica possa instalar-se e milhares de agricultores estão lutando nos arredores de Nova Déli contra os projetos de conversão de suas terras de cultivo em áreas urbanas, destaca.
Vandana denuncia que a economia não leva em conta os números-chave, “como o número de crianças que sofrem desnutrição ou os quilômetros que uma mulher tem que andar para conseguir água”. Sente-se muito identificada com o líder Mahatma Gandhi quando afirmava que os recursos naturais devem ser de domínio público, razão pela qual a água não pode ser privatizada nem a terra monopolizada.
Esta filósofa, reconhecida mundialmente, considera que “a igualdade pode significar dois tipos de coisas, por um lado o parecer-se, ser similar, ou pode significar diversidade sem discriminação. Eu acredito nesta última definição. Quero ter a possibilidade de ser hindu, não quero converter-me numa europeia. Eu quero ser e quero espaço para ser hindu. Eu quero ser mulher, não quero tornar-me um homem, não quero poder ser violenta, como minha segunda natureza, não quero ser irresponsável, não quero assumir que outra pessoa tenha que arrumar a desordem que deixo, eu tenho que arrumar a desordem que creio”. Portanto, resume com firmeza, “eu quero a liberdade para ser diferente, mas não quero ser castigada por isso. Para mim isso é a igualdade”.
Lúcida, revolucionária, enérgica e carismática, é consciente das críticas e rejeição que suas opiniões despertam. Afirma que “o patriarcado capitalista dominante é uma ideologia baseada no medo e na insegurança. Medo de tudo o que está vivo, já que qualquer liberdade e autonomia são ameaçadoras para eles”. Por isso, defende com unhas e dentes seu ecofeminismo, “que é a filosofia da segurança, da paz, da confiança”.
Talvez um de seus posicionamentos mais duros seja contra o Banco Mundial, porque ele forçou o Governo da Índia a reduzir subsídios que possibilitavam o funcionamento na distribuição de alimentos. “Eles chamam de subsídios, mas na realidade eram suportes. É necessário gastar para manter os direitos fundamentais de nossa gente. E o Banco Mundial disse: ‘Não se pode gastar esse dinheiro para alimentar as pessoas’. E aí a crise alimentar”.
Em consequência dessa política, “as pessoas deixaram de comprar comida e começaram a morrer de fome. Estão a ponto de morrer de fome 50 milhões de pessoas, enquanto 60 milhões de toneladas de alimentos apodrecem nos celeiros. Entretanto, as 60 milhões de toneladas não são excedentes, eu as chamo de pseudo-excedentes e atualmente estão sendo exportados para o mercado mundial, dizendo que Índia possui tanto alimento que pode exportar. O que eles não dizem é que nós temos esse tanto de alimento porque as pessoas estão morrendo de fome”, explana com indignação.
Ela assegura que os hindus veem o que está acontecendo e protestam muito, seguem sonhando com uma biodiversidade livre, que pertença aos camponeses, em que a água seja acessível, como também a comida. “É muito simples criar o sistema”, considera de forma otimista Vandana, “mas está sendo impedido pelas políticas que nos governam em nível internacional e este é o motivo pelo qual, cada dia de minha vida, insisto que temos que parar de cooperar com essas políticas”.
Com o rosto nostálgico recorda-se de Gandhi, quando caminhou até a praia para buscar sal enquanto os britânicos diziam que eles eram os únicos que podiam fazer sal, “para assim terem mais dinheiro para financiar maiores exércitos para disparar-nos”, conclui com um sorriso irônico.
https://www.ihu.unisinos.br/noticias/506679-ecofeminismo-e-colocar-a-vida-no-centro-da-organizacao-social-politica-e-economica-afirma-vandana-shiva